A primeira vitória que abriu espaço para Lewis Hamilton se tornar recordista na Fórmula 1 começou logo na sua temporada de estreia.
- Giovanna Carvalho
- 28 de ago.
- 3 min de leitura
Havia algo de quase improvável naquela tarde em Montreal, 10 de junho de 2007.
Quem nós, hoje, conhecemos como recordista absoluto da categoria, na época era apenas um novato - muito - promissor.

A Fórmula 1, sempre tão presa ao peso da tradição, assistia a um estreante negro, britânico, filho de um imigrante caribenho e de uma mãe branca inglesa, subir no degrau mais alto do pódio pela primeira vez. Essa não foi apenas uma vitória. Era uma cena que parecia deslocar o eixo de um esporte acostumado a repetir os mesmos rostos e sobrenomes em décadas.
Lewis Hamilton, com apenas seis corridas no currículo da categoria, venceu o Grande Prêmio do Canadá com a naturalidade de quem parecia já ter estado ali muitas vezes. Foi uma esperança para um esporte que clamava por novos ídolos.
Ainda no sábado, quando conquistou a pole position, Lewis parecia pressentir o que vinha quando declarou que nunca tinha se sentido tão bem: “Foi um dia fantástico, já é um fim de semana fantástico”. Mal sabia ele que se tratava de um bom presságio para uma etapa que ficaria marcada nos livros de história como o começo da trajetória de um dos maiores do esporte. Agora, se a corrida em si precisasse ser definida em uma única palavra, caótica seria a escolha perfeita.
Safety car quatro vezes na pista, acidentes de todos os lados…
Problemas nos freios do carro de Fernando Alonso - somados a uma punição decorrente de uma parada ilegal sob regime de bandeira amarela - que acabaram resultando num sétimo lugar muito amargo para o espanhol. Com os resultados, Lewis apontava como novo líder no campeonato, oito pontos à frente de seu companheiro de equipe: era também o começo da rivalidade entre o bicampeão e o “foguete de Stevenage”.
Na ponta do grid, Lewis pilotou como veterano, mesmo estando apenas na sua sexta corrida da categoria. Abrindo vantagem para Nick HeidFeld, mantendo um bom ritmo mesmo com todas as interrupções na pista, Lewis terminou em primeiro lugar com tranquilidade. Naquele domingo, ele mostrou que alguém vindo de fora da elite branca e aristocrática, recorrente dentro do automobilismo, poderia não só participar, como também dominar, sem muito esforço.
Para seu pai, Anthony Hamilton, que hipotecara a vida em empregos múltiplos para sustentar o sonho do filho no kart, aquele troféu em Montreal era também a materialização de anos de resistência contra um sistema que, em muitos momentos, parecia não ter sido feito para eles.
E aquela vitória era só o início de uma das carreiras mais vitoriosas da categoria: os sete títulos, os recordes, a posição de voz ativa em pautas sociais e raciais dentro e fora da Fórmula 1. Mas o novato Lewis Hamilton ainda nem sonhava com tudo isso, naquele fim de semana em Montreal, ele era apenas um garoto que, apesar das dificuldades, tinha alcançado e vencido a Fórmula 1 pela primeira vez. E que lindo foi!

Logo, a linha tênue entre o realismo e o sonho da conquista do campeonato se tornaria quase impossível de distinguir. Com os bons resultados, Hamilton conseguia quase sentir a glória do seu primeiro campeonato, mas ali, um mísero ponto fez toda diferença…
Mas essa? É uma história para outra vez.
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