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Nico Hülkenberg rompe com as corridas sem pódio na carreira

  • Foto do escritor: Monique Mavillyn
    Monique Mavillyn
  • 7 de jul.
  • 4 min de leitura

Alguns pilotos são lembrados por títulos. Outros, por rivalidades.

Nico Hülkenberg?

Por algo mais raro: a consistência de quem nunca parou de tentar mesmo nas piores condições.


Aos 37 anos, numa era onde a F1 valoriza cada vez mais pilotos jovens, Hülkenberg provou que experiência ainda vale ouro. Foram 239 Grandes Prêmios participados em mais de 10 anos na Fórmula 1, entre uma escuderia e outra, anos quase sabáticos, o alemão finalmente desfrutou da emoção que é subir ao pódio em 2025.


Nico sobreviveu na categoria sendo o oposto do herói clássico. Não foi prodígio como Max Verstappen, nem o recordista da pole position como Lewis Hamilton. Nunca pareceu ter o carro certo na hora certa. E ainda sim, o que ele se negou a perder foi a persistência.

Nico Hülkenberg conquista seu primeiro pódio na carreira dentro da F1. (Foto: reprodução F1 via X)
Nico Hülkenberg conquista seu primeiro pódio na carreira dentro da F1. (Foto: reprodução F1 via X)

Uma volta no tempo 


Ele chegou à Fórmula 1 com credenciais de ouro: campeão da GP2 logo na temporada de estreia. Em 2010, estreou pela Williams ao lado de Rubens Barrichello e, debaixo de chuva em Interlagos, marcou uma pole histórica — a primeira da equipe em mais de cinco anos. Ainda assim, não foi o suficiente para mantê-lo no assento principal, sendo dispensado no fim do ano.


Sem vaga no grid em 2011, virou reserva da Force India e, no ano seguinte, reassumiu um cockpit. Em 2012, teve atuações sólidas e quase venceu o GP do Brasil, onde liderava até escorregar na pista molhada. Duas temporadas depois, parecia uma redenção prestes a acontecer — mas o roteiro de Hülkenberg sempre guardou reviravoltas.


Em 2013, foi para a Sauber. Mesmo com um carro abaixo do ideal, seu desempenho o colocou como opção para vagas na Ferrari e na Lotus, mas — como tantas vezes em sua carreira — o timing não colaborou e os acordos não se concretizaram.


GP de Silverstone, em 2025. (Foto: reprodução F1 via X)
GP de Silverstone, em 2025. (Foto: reprodução F1 via X)

O caminho do alemão retornou à Force India entre 2014 e 2016, temporadas em que somou pontos com regularidade. E foi nesse período de alta na F1 que ele se desafiou mais: correu e venceu as 24 Horas de Le Mans em 2015 com a Porsche, feito raro para um piloto ainda ativo no grid.


Entre 2017 e 2019, ficou à frente do projeto de reconstrução da Renault. Apesar da competência, o tão sonhado pódio escapou mais uma vez — especialmente no caótico GP da Alemanha de 2019, quando rodou enquanto estava em segundo lugar. Era mais uma oportunidade frustrada que se somava ao histórico de quase-vitórias.


Em 2020, ficou fora da F1, mas foi chamado às pressas para substituir pilotos infectados por COVID-19 na Racing Point. Seguiu como reserva da Aston Martin em 2021 e 2022, até que a Haas o convocou de volta em 2023. Com um carro limitado, Nico impressionou nas classificações — muitas vezes colocando o carro onde ele teoricamente não conseguiria estar. Em 2024, seguiu na escuderia norte-americana mais para lá do que para cá. 


Se as mudanças entre escuderias eram parte do seu repertório, fazer isso de novo em busca de melhores oportunidades dentro da categoria não parecia ser uma decisão errada, ainda mais quando a casa de 2025 já era conhecida. Retornar à Sauber foi como um “salto de fé”, a equipe estaria em seu ano de reconstrução, na espera da nova era em 2026 e fazer o que desse com as condições mínimas que tinha.


E mesmo assim, continuou. Não diria que por ingenuidade. Mas porque, às vezes, a única coisa que um piloto tem é a própria ousadia. E talvez, na Fórmula 1, isso valha mais do que talento.




Por quase quinze temporadas, participou de tudo o que a Fórmula 1 poderia oferecer, menos o pódio.


Desde as atualizações mais recentes da Kick Sauber, algo mudou. Não só no carro — que enfim começou a entregar ritmo de corrida —, mas também no próprio Nico Hülkenberg. A performance dele e de seu companheiro, Gabriel Bortoleto, deu um salto. Na Espanha, largou em 16º e chegou em quinto. No Canadá, partiu de 13º e cruzou em oitavo. Na Áustria, saiu do fundo do grid para terminar entre os nove primeiros.


E então veio Silverstone.

Nico Hülkenberg termina o British GP em P3. Foto: reprodução F1 via X
Nico Hülkenberg termina o British GP em P3. Foto: reprodução F1 via X

O alemão largou em 19º lugar e foi subindo posição por posição numa corrida que teve de tudo: chuva, pista seca, DNFs e muito jogo de estratégia. A emoção no rádio quando ele cruzou a linha de chegada foi de arrepiar, e o mais impressionante nisso tudo foi a maneira como conduziu sua corrida. Quinze anos de F1 ensinaram a ele quando pisar fundo e quando ser paciente.


Nas voltas finais, sob pressão máxima, você via um piloto completamente no controle. Abrindo um GAP de +23 segundos em relação a Lewis Hamilton… Cada curva carregava o peso de toda uma carreira, que dessa vez parecia recompensar a resiliência e esforço de décadas. 


Carlos Sainz, que foi ex-companheiro de equipe de Hülkenberg na Renault em 2018, comentou sobre a conquista do alemão em solo britânico:


"Parabéns – ele deve ter feito uma corrida muito sólida para estar lá em terceiro. Sinceramente, para mim, o fato de as pessoas continuarem xingando ele, o fato de ele não ter conquistado nenhum pódio, era completamente irrelevante. Para mim, ele sempre esteve entre os cinco primeiros no grid em todas as suas participações na F1 – seu nível de talento e execução de corrida são incríveis", disse ele à imprensa do GP. 


Depois de 239 largadas na Fórmula 1, Nico Hülkenberg quebrou uma narrativa — e começou outra. Não precisava provar que sabia vencer, mas mostrou que jamais ter desistido já era, por si só, a vitória mais improvável de todas.


E não, não foi só o carro. A Sauber ainda está longe de ser a melhor do grid. O que vimos em Silverstone foi a sincronia entre um piloto experiente, uma equipe alinhada e uma estratégia precisa. 

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