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GP da Hungria é a última corrida de Fórmula antes da longa parada para o summer break

  • Foto do escritor: Fala Driver´s
    Fala Driver´s
  • 2 de ago.
  • 4 min de leitura

HUNGARORING, Budapeste

Em 1986, este circuito tornou-se o primeiro no Leste Europeu a receber a Fórmula 1, quebrando décadas de Cortina de Ferro. Hoje, 39 anos depois, Oscar Piastri lidera o campeonato com 266 pontos. Lando Norris tem 250. Dezesseis pontos de diferença e uma corrida pela frente antes de quase um mês longe das pistas.


Oscar Piastri e Lando Norris no GP da Hungria. Foto: F1 via X
Oscar Piastri e Lando Norris no GP da Hungria. Foto: F1 via X

A pista foi construída em tempo recorde - apenas oito meses - numa época em que a Hungria ainda vivia sob regime comunista. E foi ainda nesse cenário que Bernie Ecclestone viu no país uma oportunidade de expandir o alcance da F1. O plano inicial era realizar uma corrida de rua em Moscou. Mas os entraves burocráticos e o conservadorismo soviético enterraram a ideia. A alternativa veio então da Hungria, um dos países mais “abertos” do bloco comunista, que havia sinalizado interesse. Então, Ecclestone viu ali uma abertura política e comercial: mostrar a Fórmula 1 para milhões de pessoas que viviam atrás da Cortina de Ferro, ao mesmo tempo em que entrava em um novo mercado.


O traçado de 4.381 metros foi desenhado para ser tecnicamente desafiador em espaço limitado. Conseguiram 14 curvas comprimidas numa área que mal caberia dois autódromos tradicionais. O resultado foi uma pista onde o piloto importa mais que o carro - característica que permanece até hoje. Ali, as ultrapassagens são escassas, e a pista estreita exige mais precisão do que ousadia. É um circuito onde poucos vencem por acaso.


Ayrton Senna venceu aqui três vezes. Michael Schumacher, quatro. Lewis Hamilton detém o recorde com oito vitórias, incluindo sua primeira na F1 em 2020, aos 35 anos, quebrando um jejum de 63 corridas.


Esta pista tem uma característica interessante: desde 2010, apenas quatro corridas foram vencidas por pilotos que não largaram na primeira fila. Pole position aqui tem peso estatístico esmagador, tradição que começou com Nelson Piquet em 1986 e continua definindo corridas.


Em 2021, por exemplo, Esteban Ocon venceu pela primeira vez na Fórmula 1. Mas seu triunfo foi menos sobre sorte e mais sobre como resistir a 70 voltas de pressão — enquanto, no retrovisor, via Fernando Alonso conter um furioso Lewis Hamilton. A vitória de Ocon não foi só um ponto fora da curva: foi a prova de que Hungaroring recompensa quem sabe jogar xadrez em alta velocidade.


Pouco tempo depois, o circuito também consagrou a primeira vitória do atual líder do campeonato, no que foi a primeira dobradinha da McLaren desde o GP da Itália de 2021. Foi a primeira vez também que as “papaya rules” entraram em ação, depois de assumir a liderança logo na largada, Oscar Piastri seguiu no que parecia uma corrida tranquila até ir para os boxes na 48ª volta. Depois disso, ao voltar para a pista, foi ultrapassado por Norris, que, por ordens da equipe, devolveu a posição - já na 67ª volta -. Inesquecível, como qualquer primeira vitória, mas um pouquinho também pela clima que deixou na garagem e nos torcedores papaya.


O circuito também expõe as fissuras da temporada. Em um calendário de 24 corridas, é em Hungaroring que as tensões acumuladas começam a vazar. Com o verão europeu no auge e as férias da categoria à vista, o paddock se torna menos diplomático. Negociações, ameaças de troca de assento, entrevistas nos bastidores... O clima fica mais ameno até que falem o contrário. 


Tecnicamente, o circuito exige muito. A sequência de curvas médias e lentas consome pneus, freios e paciência. Erros pequenos são amplificados. Acertos estratégicos, também. O tráfego — constante, como em Mônaco — transforma voltas de classificação e pit stops em partes decisivas do roteiro.


"É muito técnico, com algumas combinações de curvas divertidas, que acontecem em sequência e em ritmo acelerado. Todas as curvas se combinam de uma forma, e um pequeno erro compromete a próxima curva. É importante encontrar esse equilíbrio e harmonia com o carro. Geralmente é um Grande Prêmio físico, com muito calor e muita adrenalina ao volante. É uma corrida onde o condicionamento físico é fundamental, mais do que em algumas corridas, e esse é um desafio que eu adoro." - Nico H. 


A matemática é simples

Uma vitória vale 25 pontos. Se Norris vencer e Piastri terminar em terceiro ou pior, o britânico assume a liderança. Se Piastri vencer, amplia a vantagem para 41 pontos - margem que geralmente define campeões.


Andrea Stella, chefe da McLaren, tem um problema que toda equipe se orgulha em ter: dois pilotos brigando pelo título. Falo em “problema” porque decisões estratégicas agora afetam diretamente a disputa interna. Dessa vez, seus pilotos disputam a vitória largando de segundo e terceiro, já que os esforços na quali não foram suficientes para bater o tempo da Ferrari. Pelo menos, o campeonato mais importante, de Construtores, já está garantido nas mãos dos papayas. 

Charles Leclerc é o pole postion no GP da Hungria. Foto: F1 via X
Charles Leclerc é o pole postion no GP da Hungria. Foto: F1 via X

E falando em Ferrari, a escuderia chega forte, com Charles Leclerc em boa forma e uma volta voadora, conquistando a primeira pole do ano - e a sua primeira pole na Hungria -. Mas, como toda moeda tem dois lados, do outro lado da garagem Lewis foi eliminado no Q2 e larga apenas de 12º no grid. Em uma forte declaração após a classificação, o heptacampeão, que vem numa sequência difícil, declarou que não há problemas com a equipe: “Sou sempre eu toda vez, completamente inútil. Vocês viram quem está na pole. Então talvez seja preciso trocar de piloto”. 


Ainda assim a classificação teve seu saldo positivo. Gabriel Bortoleto alcançou o Q3 mais uma vez - agora são três nas últimas quatro corridas - e marcou a melhor posição de largada da Sauber na temporada, o brasileiro larga de sétimo no domingo. Seu companheiro de equipe, Nico Hulkenberg, larga de 19º.


As estatísticas

Mais vitórias: Hamilton com oito (2007, 2009, 2012-2013, 2016, 2018-2020). Outros vencedores do grid atual: Fernando Alonso (2003), Esteban Ocon (2021), Max Verstappen (2022-2023) e Oscar Piastri (2024)

Mais poles: Hamilton com nove (2007-2008, 2012-2013, 2015, 2018, 2020-2021, 2023). Outros poles do grid atual: Alonso (2003, 2009), Verstappen (2019), George Russell (2022) e Lando Norris (2024)




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