Grazie Carlos! A última volta de Sainz como piloto Ferrari
- Giovanna Carvalho
- 20 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
Na última terça-feira (17), Carlos Sainz se despediu da Ferrari em um evento especial em Fiorano, na Itália. O piloto teve a chance de guiar o SF-75, carro com o qual conquistou sua primeira vitória em 2022, ao lado de seu pai, Carlos Sainz Cenamor. Além disso, os dois também conduziram o clássico Ferrari 735 LM, lançado em 1955. A despedida foi marcada por homenagens emocionantes. Sainz recebeu agradecimentos do chefe da equipe, Frédéric Vasseur, e participou de uma cerimônia com os funcionários da fábrica de Maranello.

Seu pai agradeceu a equipe depois do dia especial: “Não quero passar mais um segundo sem agradecer a família Ferrari por esse dia inesquecível que deram a Carlos e a mim. Todos podem imaginar como é, para alguém com tanta paixão pelo mundo da velocidade, como eu tenho, guiar uma Ferrari de F1 em Fiorano. É algo único e especial, mas muito mais por ser com o carro que Carlos usou para ganhar a primeira corrida dele. Nunca
esquecerei. Obrigado.”
O evento marcou a última volta oficial de Carlos Sainz como piloto Ferrari. Em 2025 o espanhol segue para um novo desafio e se junta à Williams. Lewis Hamilton entra no seu lugar na scuderia italiana. Em clima de despedida, relembramos o que foi a trajetória de Sainz pelo “cavalinho rampante”.
O começo de tudo e a trajetória até aqui
Depois de passar pela Toro Rosso — onde, junto com Max Verstappen, formou a dupla mais jovem da história da categoria —, Renault e McLaren, Carlos chegou à Ferrari em 2021, substituindo o tetracampeão Sebastian Vettel.
Quatro vitórias, seis poles, 25 pódios e 900,5 pontos depois, o piloto espanhol e a equipe de Maranello seguem caminhos diferentes, mas deixam para trás uma trajetória consistente e marcada por momentos emocionantes.
O primeiro triunfo veio no Grande Prêmio de Silverstone, em 2022. Depois de largar na pole e perder a liderança para Max Verstappen após uma bandeira vermelha, Sainz recuperou o ritmo e conquistou sua primeira vitória na Fórmula 1.
A próxima vitória não foi nem de longe menos memorável. Em Singapura, no ano seguinte, Carlos se tornou o único piloto “não Red Bull” a ganhar uma corrida na temporada de 2023, marcada pela dominância absoluta de Max Verstappen e sua equipe.
Carlos chegou ao fim da corrida com tranquilidade o suficiente para arriscar dar uma “mãozinha” para seu ex-companheiro de equipe, Lando Norris, diminuindo o ritmo para evitar o desgaste dos pneus e deixando Lando se aproximar o suficiente para conseguir DRS. Quem não se lembra do icônico rádio: "Lando behind 0.8. Russell no DRS. Yeah, it’s on purpose."
O piloto ainda definiu o fim de semana como incrível:"Quero agradecer a todos na Ferrari por essa volta por cima depois de um início de temporada complicado. Estamos levando para casa um primeiro lugar que acho que vai deixar todos os italianos felizes. Dadas as nossas limitações com o desgaste dos pneus, sabia que seria um stint final longo com os pneus duros. Funcionou perfeitamente, demos DRS ao Lando para ajudar ele e conseguimos o primeiro lugar. Me senti sobre controle, para ser honesto. Tinha o espaço para fazer o que queria."
As últimas duas vitórias vieram em um cenário diferente: em 2024, quando Carlos já sabia que não seria mais piloto da equipe no ano seguinte. Mesmo assim, ele fez o que pode ser considerado o melhor ano da sua carreira até agora, conquistando vitórias na Austrália — logo após passar por uma cirurgia de retirada de apêndice — e no México, onde recebeu o carinhoso apelido de “El Matador.”
Entregar resultados já de “aviso prévio” é pra poucos, né? 👀
“Fui sacrificado por Hamilton”
Com o anúncio da troca de pilotos na Ferrari sendo feito ainda antes da temporada de 2024 começar, Sainz correu o ano todo pela escuderia já sabendo que, no ano seguinte, seria substituído por Lewis Hamilton. O piloto espanhol manteve a discrição sobre o assunto nas coletivas, mas, em um raro momento de franqueza, admitiu ter ficado com raiva quando a decisão foi anunciada:
"Posso sentar aqui e dizer que não fiquei com raiva de ninguém, mas, quando lhe dão a notícia, na hora você fica com muita raiva… Eu lembro de ter dito a mim mesmo: ‘continue, você só precisa continuar, precisa apenas fazer seu trabalho’... E hoje eu entendo a decisão. Acho que, se fosse qualquer outra pessoa, eu teria levado muito mais tempo para entender. Mas é diferente ter Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial e um dos melhores, se não o melhor da história, ocupando seu lugar na Ferrari.”

Carlos também reconheceu que sabia que seu companheiro de equipe, Charles Leclerc, não seria o escolhido para sair:
"Sabemos que Lewis decidiu passar a última parte da carreira na Ferrari e, para que isso acontecesse, um dos dois pilotos teria que ser sacrificado. Essa pessoa não seria o Charles, que tem sido o projeto da Ferrari desde que era um garotinho, é o centro do projeto há muitos anos e está aqui desde o início. Então, de certa forma, entendo por que me tornei essa pessoa e entendo desde o início. Só não concordei com isso na época, mas, no final, você aceita e segue em frente."
Reconstrução e recomeço azul
Carlos Sainz decidiu defender as cores da Williams a partir de 2025. A equipe, que enfrenta um momento difícil apesar de seu legado histórico na Fórmula 1, busca retornar ao protagonismo e vê no espanhol uma peça-chave para essa trajetória.
Com Carlos, a Williams também atraiu patrocínios importantes, como o Banco Santander, que rompeu sua parceria com a Ferrari para acompanhar o madrilenho em sua nova jornada. Esse apoio financeiro é um alívio para a equipe britânica, permitindo investimentos em melhorias tecnológicas e estruturais que tornam o retorno ao topo mais um “projeto de longo prazo” do que um simples sonho distante.
Sainz já pilotou pela Williams nos testes pós-temporada, em Abu Dhabi, e está ciente dos desafios de 2025. Mesmo assim, ele deixou claro que seu principal objetivo é “devolver a Williams para seu devido lugar”.
E aí, Driver, será que dá para sonhar com uma parceria vitoriosa?
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