Não se iluda com a exuberância e glamour do Grande Prêmio de Mônaco, esse é um dos circuitos que não perdoa erros
- Giovanna Carvalho
- há 7 dias
- 5 min de leitura
Depois de um início de rodada tripla movimentado em Imola - com uma vitória de ponta a ponta de Max Verstappen, que quebrou um pouco a expectativa dos papayas para a corrida na Itália - a Fórmula 1 desembarca em Mônaco para o Grande Prêmio mais fabuloso do ano. Exclusivo e luxuoso, Mônaco é um dos menores países do mundo, considerado um microestado.
A montagem do GP ocupa boa parte das ruas e, durante a etapa, basicamente o principado todo para e assiste a corrida, alguns até pela sacada de casa, outros em seus fabulosos yates. Mônaco respira glamour e, em um final de semana como esse, respira também o automobilismo.

ZOOM IN no circuito
A história da etapa começa em 1911, quando o Rally de Monte Carlo foi disputado pela primeira vez - a prova não era considerada um Grande Prêmio porque acontecia por vários lugares na Europa e terminava no principado -. Dali, surgiu a necessidade de se criar uma etapa exclusiva para Mônaco.
As ruas de Monte Carlo tomaram a forma do traçado e em 1929 foi disputado o primeiro Grande Prêmio. Com a Fórmula 1, a primeira aparição do traçado foi no ano de estreia da categoria, em 1950 - etapa que marcou a primeira vitória de ponta a ponta com o triunfo de Juan Manuel Fangio e, também, a estreia da Ferrari na competição -. Como uma das corridas mais lendárias, Mônaco não sai do calendário desde 1955.
Com 3,337km de extensão, o Circuit de Monaco é o menor traçado dentre as pistas que recebem a Fórmula 1 - e o único que não alcança os 305 km de distância total exigidos pela FIA -. Para permanecer recebendo corridas, mesmo sem cumprir com essa condição, a Federação abriu uma exceção com uma cláusula especial para a etapa.

No sentido horário, com 19 curvas e apenas uma zona de DRS, os pilotos são desafiados por 78 voltas nas ruas estreitas de Monte Carlo. Ruas essas que dificultam, e muito, as ultrapassagens. Na última etapa, pela primeira vez na história, os dez primeiros pilotos terminaram a etapa monegasca nas exatas posições que começaram. Além disso, a última ultrapassagem pela liderança no principado aconteceu em - pasmem - 1996. Para evitar a monotonia que a falta de ultrapassagens pode causar, a FIA estabeleceu, a partir desse ano, duas paradas obrigatórias durante a corrida.
No sábado, os pilotos precisam dar tudo de si na classificação - que define muita coisa em Mônaco - mas no domingo? Agora é tudo sobre a estratégia das equipes.
O rei de Mônaco
A bandeira do principado é vermelha e branca, mas suas ruas um dia já carregaram um legado verde e amarelo. Foi em Mônaco que Ayrton Senna se consagrou um dos maiores da história, ao conquistar o maior número de vitórias na etapa - seis, entre 1987 e 1993 -. Até hoje, seus feitos são lembrados durante a etapa, seja em liveries especiais - como a McLaren fez no ano passado - ou em pinturas de capacetes - como a que Isack Hadjar traz para essa etapa - em homenagem ao ídolo.
Na etapa passada, o CEO da McLaren, Zak Brown, relembrou o histórico de Ayrton nas corridas e o seu envolvimento com a equipe:
”O time se sente orgulhoso em reconhecer e celebrar o legado nas corridas de Senna, que permanece reverenciado e respeitado como o maior ícone da F1 e o mais condecorado piloto McLaren, onde seu impacto foi enorme”.
Máquina do tempo
E falar de McLaren e liveries especiais nos leva para a pintura exclusiva que a escuderia traz, novamente, para Mônaco - e, de quebra, para a Espanha, na semana que vem -. Dessa vez, a homenagem relembra o M7A, carro usado entre 1968/69, que Bruce McLaren guiou na primeira vitória da equipe. Com detalhes vintages e o número da asa lembrando carros antigos de corrida, a McLaren também apostou em um kit branco para os seus pilotos irem à pista.
Além dos papaya, a Ferrari também abre mão da sua cor, mas somente nos uniformes dos pilotos - e apenas por um fim de semana -. Para a home race de Charles Leclerc, o vermelho dá lugar ao branco, em homenagem à bandeira de Mônaco, e os detalhes vem em tons azuis - em homenagem ao patrocínio milionário da HP. risos. -, sendo o azul claro principalmente por causa da coleção do Charles com a Ferrari.

O milagre de Mônaco
Foi em Mônaco, no ano passado, que Charles Leclerc quebrou a “maldição” da sua corrida em casa. Desde sua estreia na Fórmula 1, Charles nunca tinha chegado ao pódio, e, nas duas oportunidades que teve, não conseguiu converter a pole position em vitória.

Tudo isso caiu por terra em 2024. Charles subiu no topo mais alto do pódio no domingo numa comemoração aliviada. Ainda assim,rejeitou a ideia da “maldição”, mas afirmou que foi um caminho frustrante até a vitória: “É um sentimento indescritível, sempre sonhei em vencer em Mônaco, e finalmente aconteceu. Mas não posso negar que houveram frustrações ao longo do caminho. No fundo, nunca acreditei na maldição, mas foi extremamente frustrante não conseguir vencer aqui nas duas ocasiões. Na primeira, nem mesmo larguei. Na segunda, acho que não fizemos a escolha certa. Então perder essas oportunidades foi muito decepcionante”.
Mas, apesar de ser o último vencedor da etapa, Charles e a equipe não chegam muito confiantes para o fim de semana. Buscando uma reabilitação de um início de temporada difícil, a palavra que pode definir a Ferrari no momento é instabilidade. Leclerc admitiu que a pista “expõe as fraquezas do carro” e, sendo muito específica, tem suas exigências próprias. Ainda assim diz que espera que ele e Lewis consigam extrair o melhor resultado possível no fim de semana.
É ferraristas… são tempos difíceis.
Relembrando a última etapa
No pódio, a emoção de um piloto da casa vencendo fez até o príncipe de Mônaco quebrar o protocolo e participar das comemorações e da festa com o champagne. Além de Charles Leclerc, em primeiro, em 2024 tivemos Oscar Piastri em segundo lugar e Carlos Sainz em terceiro. A melhor volta ficou com Lewis Hamilton, que marcou 1:14.165, na volta 63.
Os maiores em Mônaco
A McLaren é a equipe que soma mais vitórias em Mônaco - quinze, no total - seguida pela Ferrari, com 10. Ayrton Senna soma seis vitórias e é o piloto que foi mais vezes ao topo do pódio monegasco. Já o recorde de volta é de Lewis Hamilton, que marcou 1:12.909 em 2021.
תגובות